Estou ocupada com trabalhos e frequências até á ponta dos cabelos, mas lembrei-me de vir partilhar um pensamento.
Todos os anos eu e a minha irmã fazemos grandes listas de prendas de natal. E as nossas listas contêm tudo: roupa, telemóveis, pijamas, bijuteria, até chegámos a pedir carros (sim, carros de verdade!). É a nossa época preferida, temos as listas de natal, os calendários com chocolates, a ânsia de enfeitar a árvore, os doces maravilhosos que se fazem em família e a curiosidade por saber o que recebemos. Mas hoje falo-vos de algo para além do natal. Quantos de nós já pensaram que enquanto estamos a pedir coisas ridículas e provavelmente nem lhes vamos dar uso, em outro sítio do país, alguém não tem a coragem sequer de pedir um pijama, porque sabe que os pais não podem? Ou que em outra parte do mundo, há crianças que nem sabem o que é o natal, que nunca receberam prendas, que não sabem quem é o pai natal, que lutam todos os dias por um pouco de comida?
A minha mãe tem uma história engraçada da sua infância, que gosta de contar e eu gosto de me lembrar dela. A minha mãe odeia figos, e na sua infância os meus avós não tinham dinheiro para dar prendas no natal. E em um ano, a única coisa que lhe puderam dar como prenda de natal, foi um figo. Um figo que a minha mãe odiava, um figo que a deixou com uma história para contar às filhas. E nós andamos a pedir telemóveis, portáteis, tablets, etc.
Somos todos uns egoístas. Falo por mim e falo por vocês. Mas este egoísmo é natural: estamos habituados ao que de melhor podemos ter, e nunca queremos prescindir disso. Se não soubessemos o que era o natal, nem soubessemos que poderíamos pedir prendas, não eramos felizes? Não pretendo pesar a consciência de ninguém, quero apenas que reflitam. Eu não vou deixar de pedir as coisas ridículas que tenho na minha lista, porque sempre foi assim, porque a sociedade ensinou-nos a ser assim, porque admito que não tenho a maturidade suficiente para prescindir de prendas. Talvez daqui a uns anos, ponha em prática aquilo que penso e deixe de pedir prendas. Talvez daqui a uns anos, todos nós pensemos que o natal não são prendas e que há mais mundo para além do nosso. Mas somos felizes assim. E quem não tem prendas, também há-de ser feliz.